ocupado...

Ando um pouco ocupado a colaborar na organização do Festipop. Mas não me esqueci do blogue.
Pronto, falsifiquei um B.I frances e sou oficialmente franco-voluntario (soa-me a voluntário sincero) blhek....

 E hoje sinto-me assim...



Não sei porquê...

pequenas ginásticas de cá

Flexibilidade, a própria palavra parece-me flexível, parece-me  elástica ao sair-me da boca.

Flexibilidade segundo o sapiente Wikipédia, é somente física, não encontrei a flexibilidade temporal ou mental ou emotiva.

Mas comecemos pelo principio físico, é fácil  reconhecer a importância da flexibilidade no dia a dia. O simples facto de conseguir-mos esticar os braços para alcançar um objecto ou dar um abraço exige flexibilidade. A sensação de que podemos alcançar uma coisa, motiva-nos a fazer-lo.

A outra flexibilidade, a abstracta, mental, com a qual nos confrontamos todos os dias, é subtil mas não menos importante.

Somos flexíveis no trabalho, nas relações pessoais, impessoais.É a flexibilidade de cada um que medeia o espaço de equilíbrio entre a nossa vontade e a vontade do outro. É motivante saber que a minha cedência à necessidade do outro é compensada com a flexibilidade do outro para com as minhas necessidades.

A flexibilidade temporal. O tempo é relativo, dizia o Einstein, não tão relativo para que o possamos moldar à nossa vontade. Mas podemos ajustar-nos a ele, geri-lo.

Aqui entra a importância da flexibilidade temporal, principalmente na actividade profissional. A sensação de que podemos gerir  o tempo em função dos nossos objectivos, motiva-nos a fazer-lo bem. Por exemplo, aqui no centro de jovens, os animadores têm flexibilidade temporal, ou seja, as horas despendidas em actividades fora do horário laboral, podem  ser compensadas dentro do horário laboral, utilizam-se para substituir idas ao medico, compromissos  pessoais, etc, que vão aparecendo.

Parece-me lógico que, um animador que tenha uma reunião de 2 horas com uma associação num dia à noite, possa no outro dia entrar ás11 horas. O importante é no final do mês ter trabalhado 156 horas, fora ou dentro do horário laboral. Isso motiva, os contactos com associações multiplicam-se e são  muito prolíficos.

 Em Portugal fala-se em flexisegurança, uma coisa muito moderna, de flexibilidade unilateral, ditada pelos patrões. Essa desmotiva.

Terminar uma jornada de trabalho, ir a uma reunião de trabalho, abdicando de tempo pessoal, quando o interesse da reunião é municipal, por muita carolice que exista, não motiva, não é saudável, não se ganha tempo, desperdiça-se tempo desmotivado.

A pensar....

Comunicação

Cá estou eu de volta à vida activa, dia de trabalho, esta sol e vento, o sol compensa o vento e o vento refresca o ímpeto do fim de semana prolongado. A 2º  feira custa.

Como tinha dito, recebi uma visita especial, e foi especial como eu esperava, haviam 7 meses que eu não comunicava com esta pessoa. Foi bom poder desligar o dicionário mental francês e voltar ao português.

Fomos a Montpellier, a cidade grande mais próxima, cosmopolita, antiga, miscigenada mediterrânica, activa.Cheia de boas surpresas.

Entre os dias12 e 16 aconteceu por la o FISE, festival international sports extremes, basicamente é um, festival de desportos radicais e de cultura urbana. O evento realiza-se na zona ribeirinha da cidade, o que por estas bandas significa um espaço nobre da cidade ao serviço das pessoas, neste caso dos jovens.

Os jovens funcionam em tribo, é sociologicamente correcto dizer tribo, o que não implica falar de um grupo rude e primário, bem pelo contrario, a maior tribo aqui e a da cultura hip-hop e tudo o que ela encerra. O FISE foi uma reunião dessa grande tribo, aberta a todos.

Dizem que os jovens nao comunicam, pois não existe nada mais errado, comunicam e muito. Comunicam à sua maneira. O FISE atrai milhares de jovens que comunicam com skates no ar, bicicletas a rodopiar, tornozelos torcidos, grafitys a ganharem forma, roupas que serviam para dois. As jovens passeiam-se, os jovens insinuam-se, a musica nunca para e o sentimento de tribo é poderoso.

Os jovens comunicam imenso, apenas o fazem aditiva-dos pelas hormonas descontroladas que moldam a idade, e ainda bem que assim o é. É uma excentricidade saudável.

Em Montpellier encontrei também uma companhia de dança e musica, actuavam numa praça e comunicavam com o corpo, e rapidamente punham os transeuntes a dançar, menos jovens mas não menos comunicativos.

No sábado à noite comuniquei com a minha convidada, através dos olhos, percebi que estava cansada e não queria prolongar a noite.

Hoje de manha, ao sair de casa, após bater a porta do prédio, um gato cinzento miou-me com força e roçou-se na minha perna. Do pouco que conheço dos gatos, independentes por natureza e interesseiros por instinto, depressa compreendi que queria entrar no prédio. Abri-lhe a porta, ele entrou, miou uma ultima vez.Acho que me agradeceu.

 Comuniquei muito este fim de semana, evoquei as linguagens universais.

A língua é uma barreira muito virtual, vou aprendendo.

Fazer pontes

Le petite Noa

Já tenho casa propria, um apartamento na cidade de Sete, na zona histórica, é grande, confortavelmente velho e cheio de charme. Estou bem instalado,Sete é uma cidade média, costeira, cheia de canais que transventam a cidade, o que obriga a que existam pontes e barcos e por consequência esplanadas e cafés. Não me queixo.

Tenho ficado na casa do Gerald, um dos animadores do centro, acolheu-me de braços abertos e não imagino uma maneira melhor de ter começado esta minha aventura.

Gerald tem 29 anos, piercings e tatuagens, vive com a Charllote que tambem tem piercings e tatuagens. Os dois têm um filho que se chama Noa, tem 6 anos e não tem 2 dentes e fala comigo como se eu entendesse tudo o que diz. São uma familia muito inteligente, comunicativa, criativa, saudavel.

Acho que começo a fazer amigos.

Por falar em amigos, hoje recebo a minha primeira visita aqui. Uma amiga muito especial, que vem cá passar 4 dias. Amanha é feriado aqui, na sexta faço ponte e vou fazer muita praia. Vocês perguntam, que tipo de voluntariado é esse!? E eu respondo, que fazer uma coisa útil não implica necessariamente ter de fazer uma coisa aborrecida. Mas eu prometo que no futuro explicarei com mais pormenor o que se faz por aqui.

Se eu nao escrever nada nos proximos dias é porque estarei ocupado a disfrutar da companhia de uma pessoa especial. Compreenderão certamente.

Apartamento em Sete

a tout alors

foto-síntese

Vou-vos falar um pouco sobre a minha rotina. O meu local de "trabalho" é no centro de jovens de Frontignan, um serviço Municipal extremamente activo, um edifício antigo com um grande jardim onde o sol não tem muito por onde se esconder. É um local onde os jovens podem vir aceder à Internet, ou pedir informações sobre as actividades juvenis, que são imensas.

Todas as segundas feiras pelas 9 horas realiza-se uma reunião geral de planeamento. Já tive duas.

Na minha primeira reunião, que foi o meu primeiro dia, tive então oportunidade de ter o meu primeiro contacto com as actividades do centro.

Lembro-me que entrei, fui apresentado e apresentei-me. Sentei-me, ofereceram-me café, gomas, e croissants de chocolate, pensei que a  reunião não tinha começado, mas sim, era assim mesmo, de boca semi-cheia. Não me parecia uma reunião a sério, tinha gomas à descrição.

O francês, ainda me custa a falar, mas vou compreendendo umas coisas. Na reunião discutiu-se o plano de actividades para Julho e Agosto. Falou-se de fotografia, ambiente, desportos aquáticos, desportos não aquáticos, férias em  países diferentes, work shops de maquilhagem, capoeira na praia, festas em discotecas, festivais de hip-hop, festivais de literatura...e umas coisas mais.

No final, descobri que todas estas coisas se vão realizar e que afinal não era uma reunião a brincar, bem pelo contrário.

A caixa das gomas ficou a meio, levantamos-nos e fomos todos fazer a fotossíntese para o jardim, apanhar um pouco de sol. Faz bem, o sol, às pessoas deste centro juvenil!!

 Alguns animadores do centro em pleno processo de fotossintese
                                                                                                                                                                                                                             Um grafite pintado por um animador      

   

Espaço de Informações

O que nasceu primeiro, a estupidez ou a ignorância?!

Faz amanhã uma semana desde que cheguei a Frontignan, e tenho uma quantidade enorme de pequenas coisas que me apetece partilhar. Vou o fazendo com tempo, conheci pessoas que me receberam muito bem, fiz aviões de papel com um miúdo de 6 anos, fiquei sem água em casa, fui convidado para fazer um filme, etc...no futuro o explicarei.

Neste post queria vos falar de ovos e de estupidez.

Ovos, porque fiquei sem saber o que fazer quando me puserem um ovo cru ao lado do prato de pasta cozida. Eu devo ser um pouco rustificado e pouco gourmet, a verdade é que nunca tinha comido ovos daquela forma, era para misturar com a pasta, assim o fiz, e foi delicioso. Pequenas coisas que são diferentes e novas para mim, e se tornam deliciosas.

Há outras pequenas coisas que são diferentes aqui também, como por exemplo, a relação das pessoas com o lixo, ou melhor o destino que lhe dão.

Lembram-se com certeza, os portugueses pelo mesmo, da iniciativa nacional realizada no passado dia 20 de Março: VAMOS LIMPAR PORTUGAL. Associação a que pertenço em Vizela, foi uma das coordenadoras concelhias dessa iniciativa. Ou seja, andei no terreno a limpar a floresta, tive o prazer inquietante de ajudar a recolher quase 100 T de lixo que se encontravam espalhados pelo concelho. É um lado muito obscuro da nossa realidade, a ligeireza com que se depositam toneladas de lixo nas florestas.

Aqui em Frontignan tive a oportunidade de visitar um pequeno centro de deposito de lixo e entulhos. Para minha surpresa, estava cheio de pessoas à  espera de vez para depositarem o seu entulho, pessoas de todas as idades, com aquele bom ar de sensação de dever comprido.

No futuro escreverei um pouco mais sobre a cidade de Frontignan, mas é importante referir por agora que esta cidade tem aproximadamente a mesma dimensão territorial que Vizela e aproximadamente o mesmo valor de população, ou seja, quase a mesma densidade populacional.

 Em média, passam pelo centro de recolha de lixo de Frontignan 300 pessoas para depositarem o seu lixo, o que significa cerca de 300 pessoas que não abandonam o lixo na floresta, o que representa alguns hectares de floresta limpa e passeável, o que significa aqui, oportunidades de lazer muito concorridas como a orientação, pedestrianismo, etc, o que significa por sua vez oportunidades de atracção turística para a cidade.

Não depositar o lixo na floresta não é somente não depositar o lixo na floresta, é permitir que todas estas significâncias aconteçam. Ou seja, depositar o lixo na floresta é não permitir que um espaço verde potencialmente rentável seja aproveitado.

Não respeitar o ambiente é ignorância, não rentabilizar a floresta é estupidez.

Eu confesso, senti-me estupidamente ignorante quando vi uma senhora idosa  de ar frágil a depositar o seu  lixo.

Ovos crus com pasta e inteligência ambiental, duas coisas a reter.

Aventura Voluntária

Este é o primeiro de muitos posts que irei colocar neste blogue nos próximos 3 meses.

O objectivo deste blogue é essencialmente o de partilhar com outras pessoas, em especial jovens, a minha experiência no serviço de voluntariado europeu.

Espero que seja uma espécie de diário, semi-confidente, encorajaram-me a partilhar os aspectos pessoais desta minha aventura. Assim espero conseguir fazer-lo.

Quem sou eu? Chamo-me Filipe Costa, tenho 28 anos. Sou de Vizela, uma pequena cidade perto de Guimarães, no Distrito de Braga, Portugal.

Vocês perguntam, o que raio estás para aí a fazer, boa vida e tal...!?!?

Eu também me perguntava o mesmo até uns dias atrás. Hoje, depois de terem passado 4 dias desde que cheguei, começo a perceber um pouco o que faço por aqui, e a ficar agradavelmente surpreendido.

Se ficaram curiosos, vão visitando o blogue, e eu tentarei confidenciar abertamente o que realmente faço aqui. Avec du temp...

Até já!!